Uma equipe médica no Brasil alcançou um marco na medicina fetal ao realizar com sucesso uma complexa cirurgia minimamente invasiva para corrigir uma malformação congênita grave em um feto de 29 semanas, ainda dentro do útero da mãe. O caso, detalhado na edição de julho de 2025 do “The Journal of Obstetrics and Gynecology of India“, descreve a correção de gastrosquise, uma condição em que as alças intestinais do bebê se projetam para fora do abdômen através de uma abertura na parede abdominal.
O procedimento representa uma esperança para casos complexos, pois a exposição prolongada dos órgãos à cavidade amniótica pode causar danos significativos, levando a complicações e longos períodos de internação após o nascimento.
Um dos autores do artigo científico é o médico brasileiro Dr. Alexandre Silva e Silva, um experiente especialista com um vasto currículo em cirurgia minimamente invasiva e robótica. Formado em 1995 pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos, Dr. Alexandre foi pioneiro em cirurgia minimamente invasiva no país desde 1998 e possui certificações internacionais, além de ser mestre em ciências pela Universidade de São Paulo. O médico também é membro do CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito.
A Cirurgia Inovadora
O tratamento padrão para a gastrosquise é a cirurgia corretiva realizada após o nascimento do bebê. No entanto, neste caso, devido ao risco de complicações e dilatação das alças intestinais do feto, a equipe optou por uma intervenção pré-natal.
A cirurgia, que durou 80 minutos, foi realizada com a utilização de um fetoscópio e dois pequenos instrumentos inseridos na cavidade amniótica através de incisões mínimas. Guiados por ultrassom, os cirurgiões reposicionaram cuidadosamente o intestino para dentro da cavidade abdominal do feto e fecharam a abertura com uma sutura contínua.
Resultado Favorável e Esperança para o Futuro
O resultado foi extremamente positivo. O bebê, uma menina, nasceu por cesariana às 32 semanas de gestação, pesando 1620 gramas. A recém-nascida apresentou boa função gastrointestinal e, notavelmente, recebeu alta hospitalar após apenas 14 dias, sem a necessidade de nenhuma outra intervenção cirúrgica.
Este é apenas o segundo caso reportado na literatura médica de uma correção de gastrosquise dentro do útero com sucesso. O sucesso do procedimento demonstra que a abordagem é viável e segura, abrindo caminho para que mais estudos avaliem os benefícios da cirurgia fetal em comparação com o tratamento pós-natal padrão, especialmente em casos com suspeita de maior complexidade. A equipe acredita que a intervenção precoce pode proteger a função intestinal e mitigar as complicações associadas à condição.