A evolução cerebral e seu papel nas suas conexões neurais

Deve-se tomar cuidado para não confundir a causa com a consequência, principalmente em se tratando da relação entre o cérebro e a sociedade.

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Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? Essa é uma questão clássica que envolve a causa e a consequência de uma determinada situação, que muitas vezes são divididas por uma linha tão tênue que gera confusões.

Digo isso pois recentemente li uma matéria sobre um livro chamado “Desconstruindo a ansiedade” do neurocientista Judson Brewer, nele é apresentada a ideia de que a ansiedade, um dos maiores males da atualidade, tem como um dos fatores de seu surgimento falhas da comunicação entre o sistema límbico e o córtex pré-frontal.

Mas a minha linha de raciocínio não acompanha a do livro, pois nosso cérebro, nosso organismo como um todo é um mecanismo perfeito, todos os milhões de anos de evolução foram guiados pela perfeição e auto suficiência, é no mínimo contraditório afirmar que há problemas em um sistema tão fortemente moldado pelas necessidades do cenário.

No entanto, consigo entender as raízes dessa linha de pensamento, pois o cérebro humano realmente está tendo dificuldades para se adaptar às grandes e rápidas mudanças. A evolução do ser humano ocorreu em um processo bastante lento, ao contrário da evolução tecnológica que torna produtos obsoletos a cada ano, essas mudanças rápidas no ambiente não são absorvidas totalmente pelo cérebro.

Ou seja, as dificuldades de comunicação entre algumas partes do cérebro apresentadas no livro não são causadas por fatores puramente biológicos, e sim por fatores externos.

Não é o cérebro que é incapaz de assimilar a sociedade e sim nós que a tornamos inassimilável.

Por exemplo, a ansiedade é uma espécie de pendência que ocorre em determinadas situações, o cérebro então, busca nas suas memórias experiências passadas semelhantes a essa para encontrar uma solução que se encaixe, logicamente, quando se passa por situações tristes ou estressantes, o cérebro recorre a lembranças tristes e estressantes, o que causa uma atmosfera densa.

Para se livrar dessa atmosfera, recorremos a “pílulas de prazer” para tentar se livrar dessa situação, por isso, quanto maior a ansiedade, maior a necessidade e sensações prazerosas compensatórias.

Quando nós buscamos essas “boas sensações”, programamos nosso cérebro para buscá-las cada vez mais, criando um vício, sempre usando as pendências da ansiedade como pontapé inicial para esse ciclo, alterando assim a anatomia do cérebro prejudicando a saúde mental.

Sobre o Prof. Dr. Fabiano de Abreu

Dr. Fabiano de Abreu Agrela, é um PhD em neurociências, mestre em psicologia, licenciado em biologia e história; também tecnólogo em antropologia com várias formações nacionais e internacionais em neurociências. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat – La Red de Investigadores Latino-americanos, do comitê científico da Ciência Latina, da Society for Neuroscience, maior sociedade de neurociências do mundo nos Estados Unidos e professor nas universidades; de medicina da UDABOL na Bolívia, Escuela Europea de Negócios na Espanha, FABIC do Brasil, investigador cientista na Universidad Santander de México e membro-sócio da APBE – Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva.

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