Amor: objeto de desejo e de dor

Sexóloga Claudia Zeni revela dicas para manter o relacionamento por meio do diálogo, autoconhecimento e meditação

O amor é um dos sentimentos mais desejados do mundo. Mas, apesar do anseio em tê-lo, muitas pessoas quando o encontram, acabam por desencadear uma série de comportamentos problemáticos que causam desde afastamento, indisponibilidade, reclamações e críticas por parte da pessoa amada, até o fracasso total do relacionamento.

Então, o que é capaz de provocar tamanha desconexão? A sexóloga e terapeuta transpessoal Cláudia Zeni se propõe a explicar como, apesar do desejo, o amor também pode ser complexo para ser obtido e mantido.

“A razão é a seguinte: o amor tem o poder de trazer à tona todos os nossos desejos ocultos, nossos anseios mais profundos e antigos, assim como o nosso passado de dor que permanece escondido em nossas memórias. Ele atua como um “holofote”, revelando traumas muitas vezes inconscientes, que se manifestam como sentimentos de carência, vitimismo, tristeza, ansiedade e irritação”, esclarece.

“Na maioria das vezes, nem percebemos o que está acontecendo e tudo o que concluímos é que nosso parceiro ou parceira parece subitamente diferente, distante e sem consideração, nos fazendo ser tomados por uma súbita corrente de insegurança, raiva, repulsa ou frustração”, detalha.

Ainda segundo a especialista, a falta de compreensão sobre o modo como o “amor age” em nós, é comum culparmos o outro pelos sentimentos que não podemos entender. 

“Mas eles aparecerão todas as vezes em que entrarmos em um novo relacionamento. Se não compreendidos, esses sentimentos ocultos podem ficar maiores, até que os entendamos”, comenta.

“Uma vez que compreendemos, ao trazer consciência para os padrões negativos que regem nossas relações e vida amorosa, podemos fazer escolhas cada vez mais conscientes e construir o que costumo chamar de relacionamentos vivos. Mas para isso acontecer, é preciso real comprometimento do casal em olhar para si, primeiramente”, explica.

A especialista em comportamento dá dicas de como viver relacionamentos mais prazerosos e saudáveis a partir da compreensão de mecanismos de defesas e sentimentos ocultos.

“Primeiro passo é entender o que realmente está desencadeando seus problemas de relacionamento. Os problemas sexuais, por exemplo, quase nunca têm a ver com sexo”, garante. “Ao tentar reacender o desejo por conta própria, a maioria dos casais caem na armadilha de dicas convencionais que tentam resolver o problema da falta de libido de maneiras superficiais”, orienta.

A especialista recomenda que cada pessoa busque o autoconhecimento.

*”Encontrar a harmonia consigo mesmo primeiramente, é fundamental”, garante. “Como podemos nos sentir amados, se muitas vezes, nós mesmos não nos amamos? É muito comum exigirmos do parceiro o que na maioria das vezes não somos capazes de nos oferecer”, completa.”

”Para que um relacionamento cresça e evolua,  os dois precisam estar verdadeiramente comprometidos com a relação e com a própria evolução pessoal.  O equilíbrio entre corpo e mente é essencial. Para isso, cuidem da saúde e da alimentação. Pratique esportes, medite e busque encontrar tempo de qualidade juntos e na natureza”, afirma.

“Desenvolva habilidades de comunicação. A comunicação não-violenta pode ajudar muitos casais com dificuldade em se comunicar. Aprenda a ouvir com presença”, indica.

Por fim, segundo a especialista, a chave para um relacionamento pleno e duradouro é a capacidade do casal em ser verdadeiro um com outro, sem obstruções por traumas passados, comunicação ineficiente, disputas de poder ou sentimentos não ditos. 

“No espaço aberto do seu eu autêntico, os sentimentos e sensações mais genuínos são naturalmente revividos e desencadeados. Você se sente relaxado, aceito e apreciado por quem você é. Quando isso acontece, a paixão volta a fluir naturalmente”, finaliza.

*Cláudia Zeni está disponível para dar entrevistas sobre o assunto.

Facebook
Twitter
LinkedIn
plugins premium WordPress