A educação está mudando. E um dos caminhos mais promissores para preparar os estudantes diante dos desafios contemporâneos é o aprendizado baseado em desafios, também conhecido pela sigla em inglês, CBL (Challenge-Based Learning).
Um novo estudo publicado na revista científica Científica y Académica, liderado pelo Pós PhD em neurociências Dr. Fabiano de Abreu Agrela, explora essa metodologia aplicada a um problema real, a conscientização sobre saúde mental em comunidades da Bolívia.
“A aprendizagem centrada no aluno não apenas transforma a forma como ensinamos, mas também como a sociedade pode se beneficiar de soluções pensadas por jovens que são estimulados a agir sobre problemas reais”, afirma Dr. Fabiano de Abreu Agrela.
Educação com propósito
Diferente dos modelos tradicionais, o CBL propõe que o aluno seja protagonista, participando ativamente da identificação, análise e busca de soluções para desafios sociais, culturais e tecnológicos.
No estudo, os participantes desenvolveram atividades voltadas à compreensão do papel do psicólogo clínico e da importância da saúde mental, principalmente em regiões onde ainda há forte estigma.
A experiência foi realizada com estudantes da pós-graduação em Medicina da Universidade Unifranz, na Bolívia, e contou com o apoio de professores e pesquisadores parceiros. Por meio de jogos de papéis, recursos tecnológicos e entrevistas, o grupo conseguiu não apenas mapear a percepção da comunidade sobre saúde mental, mas também promover mudanças reais de entendimento e comportamento.
Impacto social e educacional
Os resultados do estudo demonstraram que, após a intervenção, houve um aumento na compreensão da população sobre os serviços psicológicos e no interesse em buscar apoio especializado.
“Trabalhar com desafios reais gera aprendizado prático, fortalece o senso crítico e desenvolve habilidades como empatia, comunicação e resolução de problemas”, destaca o Dr. Fabiano de Abreu Agrela.
Mas o processo também teve dificuldades, o estudo identificou obstáculos, como a resistência cultural e o estigma ainda presente em relação à saúde mental.
Um modelo aplicável a outros contextos
Apesar do foco do estudo ter sido a cidade de El Alto, os pesquisadores apontam que a metodologia pode ser adaptada e implementada em diferentes realidades. O objetivo é ampliar o alcance e aprofundar a análise dos impactos a longo prazo.
“Formar profissionais prontos para lidar com os dilemas reais da sociedade requer mais do que conteúdo teórico, é preciso vivência, interação e, principalmente, consciência do papel que cada um pode desempenhar na transformação social”, afirma o Dr. Fabiano de Abreu Agrela.