O especialista em economia e direito tributário Eliézer Marins analisa as tendências e os impactos da pandemia do novo coronavírus na economia brasileira, inflação e taxa básica de juros em 2020.
Segundo o Boletim Focus, o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 deve apresentar uma contração de 4,11% – na última semana, a estimativa era de queda de 3,34%. O cenário de deterioração econômica leva em consideração a evolução da pandemia do coronavírus no país – já são mais de 162 mil casos e 11 mil mortes – e também a tumultuada cena política. Para 2021, a projeção do mercado é de um crescimento de 3,2%. Essa foi a décima segunda vez consecutiva que a previsão de resultado da economia para este ano foi revisada.
O tributarista Eliézer Marins faz uma análise da situação e dos fatores atenuantes que podem derrubar o PIB brasileiro e faz um comparativo com os rumos que a economia estava tomando antes da pandemia: “No início do ano, quando a pandemia do coronavírus estava concentrada na China e não se sabia ao certo quando e como chegaria ao Brasil, os especialistas estimavam crescimento econômico para este ano na casa de 2,3%. No entanto, caso a previsão do mercado financeiro para o resultado da economia brasileira se confirme, a queda do PIB de 2020 será ainda maior do que a registrada em 2016, ano do impeachment de Dilma Rousseff, quando a economia retraiu 3,3%. A situação é preocupante.”
Lockdown e desaceleração da economia
Eliézer Marins aponta o lockdown adotado por algumas das maiores cidades brasileiras como um dos motivos para a queda tão brusca da economia no país: “Com a evolução da doença, algumas regiões já começam a adotar o sistema de “lockdown”, como acontece no Maranhão e no Pará. Em São Paulo, a flexibilização esperada para começar nesta segunda-feira não se concretizou porque a curva de contágio não caiu. Conforme outros estados adotem medidas mais duras de combate a pandemia, as projeções para o PIB devem se retrair ainda mais, podendo haver uma queda acima dos 7% para o PIB deste ano.
Inflação em queda
Apesar da revisão para o PIB, as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, IPCA, que mede a inflação oficial no país apontam que com menos demanda de produtos, os preços tendem a não acelerar tanto. A previsão para o indicador saiu de 1,97% para 1,76% no ano, abaixo da meta traçada, que é de 4%. Na semana passada, o resultado do IPCA de abril trouxe deflação de 0,31%, primeira vez na história que o indicador de abril é negativo. Para 2021, a projeção caiu de 3,30% para 3,25%.
Juros em queda
Eliézer também ressalta que a taxa básica de juros, a Selic, segue em queda como consequência da pandemia: ” a Selic por sua vez, teve sua projeção reduzida de 2,75% para 2,50% ao fim deste ano. Hoje, a Selic vigora em 3% ao ano. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu em 0,75 ponto porcentual a taxa para estimular a economia durante a crise.”