Através de sua arte, a premiada fotógrafa Roberta Montagnini traz uma reflexão sobre o posicionamento da mulher diante da necessidade moderna de ser multifuncional e a forma como a quarentena está levando mulheres do mundo todo ao limite e à loucura.
A arte sempre teve o papel e o poder de comunicar com a alma do público e transmitir mensagens muito além da linguagem escrita e falada. A metalinguagem da arte está presente em todas as suas formas, mas encontra na expressão visual das imagens uma de suas mais impactantes e emblemáticas maneiras de comunicar.
A premiada fotógrafa Roberta Montagnini, especialista no conceito da fine art, que é a fotografia criada de acordo com a visão do artista fotógrafo, lançou através de sua arte um válido questionamento sobre o posicionamento da mulher na sociedade moderna e a forma como a quarentena está levando mulheres do mundo todo ao limite e à loucura. A obra de arte, uma das 20 melhores imagens da fotógrafa no Portrait Masters com milhares de inscrições, trouxe à vida um conceito inspirado em Kali, a deusa hindu da morte:
“Pode ser que a imagem seja utilizada pra reforçar a multi-tarefa a que nós mulheres a todo momento temos que realizar, para estar em dia com tudo aquilo que se espera de nós e que foi ainda mais intensificado com a quarentena. Talvez a quarentena esta levando a mulher a loucura, por se preocupar com os gastos, passar horas na internet tentando manter a sanidade mental, se maquiando pra fingir a normalidade e fazendo selfies e Lives, ou até mesmo bebendo mais, fumando. Cada uma sabe como lida com a sua dor e com as exigências que lhe são impostas e eu achei que precisava falar sobre isso de alguma forma com a minha arte.”
Processo criativo e interpretações
Montagnini conta mais sobre o processo criativo e as possíveis interpretações que vê de seu trabalho: “Eu tive essa ideia e a esboçei e depois a trouxe à vida com base em tudo que estamos vendo e vivendo. Foi divertido criar isso. A personagem está segurando 8 objetos que podem representar muitos vícios, que na sociedade de hoje que podem levá-lo à morte. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
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A faca com sangue: Matança de animais para comer, prazer ou moda. Matando em geral, você pode interpretar como quiser. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
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Maquiagem: quando as pessoas buscam a perfeição, para ser algo que não são. Quando querem mostrar que está tudo bem mesmo com a queda nos rendimentos e o isolamento social, com a família em risco de ser infectada, com as milhares de preocupações decorrentes da pandemia do covid-19.⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
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Cigarro: esse vício causa muitas doenças, incluindo câncer. Mulheres que sofrem de ansiedade estão sujeitas a se entregar ainda mais ao tabaco neste período de quarentena.
Religião e fanatismo: a religião não é o problema, mas a devoção cega é. Quantas pessoas têm se deixado levar por extremismos e estão sendo induzidas por líderes mau intencionados que apregoam que estamos vivendo o apocalipse? Mensagens extremistas, discursos de ódio e fanatismo estão por todo lado, mas infelizmente ganham força em tempos de crise, isolamento e doenças.
Celular / internet: a rede social pode ser um lugar escuro e triste, repleta de fakes, de vaidades exacerbadas, de noticias mentirosas, de ilusões e também de vidas vazias e superficiais.
Ganância por dinheiro: diz-se que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males.
Alcoolismo: este vício pode destruir uma pessoa e qualquer pessoa ao seu redor. Muitas famílias têm sido atingidas e destruídas porque um dos membros não consegue estabelecer limites e se entrega ao álcool, geralmente na tentativa de apagar uma dor.
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Vaidade: A mulher da minha arte é magra, o que também pode representar a norma de beleza atual, adornada com jóias e uma coroa que talvez a tornasse mais digna do que outras. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
A interpretação é subjetiva. Todos os itens acima podem ser interpretados de maneira diferente.
Sobre a Fotógrafa
Roberta Montagnini é uma fotógrafa premiada internacionalmente que atua nos campos Fashion e Fine Art. Brasileira, mora atualmente em Kaiserslautern, na Alemanha, onde montou o seu estúdio.
Formada pela Cambridge School of Art – Anglia Ruskin University, na Inglaterra. Em 2017 ingressou na escola de fotografia Sue Bryce Education e passou a contar com a mentoria da renomada fotógrafa Sue Bryce e hoje após formada trabalha como fotógrafa com trabalhos expostos por toda Europa, em veículos como a Vogue Itália.
Recentemente, Roberta foi vencedora de prêmio internacional de fotografia, conquistando o primeiro lugar na categoria de Teen & Senior (Jovens e Adolescente) no The Portrait Masters e atingiu o nivel de Fotógrafa Associada, tendo seus trabalhos disponíveis também no diretório do site.